Tubo de Rubens e geladeira de Einstein
Ondas sonoras controlam o fogo e o frio.
Faça uma série de furos em um tubo, coloque alto-falantes em cada extremidade, injete gás e acenda. Quando ligar o som, as ondas sonoras irão criar zonas estacionárias de maior ou menor pressão dentro do tubo. Maior ou menor pressão no gás, maior ou menor chama. Visualização em tempo real, e se pareceu um pouco primitivo, é porque Rubens inventou seu tubo há um século. Continua fascinante. Saiba mais, em inglês, na Wikipedia: Rubens’ Tube.
E há mais no som do que VUs vitorianos. Sua geladeira funciona graças a um compressor, e se ondas estacionárias de som também podem comprimir gás… também é possível criar uma geladeira praticamente sem partes móveis movida a som. É a refrigeração termoacústica.
O que nos leva à geladeira de Einstein. No início do século passado, geladeiras utilizavam gases tóxicos que frequentemente vazavam, matando famílias inteiras. Comovido por tais tragédias, um certo físico húngaro, Leó Szilard, desenvolveu nos anos 1920 o conceito de um novo tipo de geladeira que não precisava de um compressor e poderia ser assim melhor selado. Funcionava a partir do calor: esquente um lado para esfriar o outro.
Com a ajuda de seu professor, um certo Albert Einstein, já famoso por uma tal Teoria da Relatividade, ambos conseguiram a patente em 1930 e a venderam para a gigante européia Electrolux, conseguindo ganhar alguns trocados. Mas no mesmo ano, seria inventado o “Freon”, um gás não-tóxico que se tornaria o padrão em refrigeração pelas próximas décadas. Apesar de largamente usado em todas as casas, o Freon se tonaria mais conhecido nos anos 1980 como um maligno CFC, inimigo da camada de ozônio.
De uma forma ou de outra, a geladeira Szilard-Einstein não alcançou grande sucesso, e além de uma aparição no fime Costa do Mosquito, entrou para o mundo das trivialidades da história da ciência em que 100nexos deverá mergulhar.
O próprio Szilard contudo mudaria o mundo alguns anos depois de inventar sua geladeira, ao escrever uma carta — outra vez com Einstein — dirigida ao presidente americano urgindo-o à criação da bomba atômica. Nascia o Projeto Manhattan. Mas este é outro nexo.
[Tubo de Rubens via CC.com]
Fonte: http://scienceblogs.com.br